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Duda (Luiza Válio), Bebel (Eva Bensiman) e Tati (Maria Paula Lima) são jovens atrizes não muito bem sucedidas que decidem montar a peça de teatro que escreveram juntas. Endividadas e correndo o risco de serem despejadas do seu apartamento, as três se inspiram nos seus filmes favoritos para encontrar a solução de seus problemas. Morte, Vida e Sorte é produção nacional que mistura humor ácido, dramas pessoais e referências ao teatro e ao cinema.
Chega a ser gratificante ver como o cotidiano e seus altos e baixos tendem a render grandes ideias para a construção de uma boa história. O mesmo pode ser sentido e dito quando nos deparamos com o clássico “a vida imita a arte”, assim como “a arte imita a vida”, o que, curiosamente, é empregado de maneira até inesperada no inicialmente pouco ambicioso Morte, Vida e Sorte, de Alexandre Martins, produção esta que se revela uma grata surpresa graças a um desfecho que consegue superar o caminho conturbado até chegar ao ponto almejado.
Pode ser arriscado afirmar que, ao entendermos a concepção da narrativa em estabelecer uma história mais introspectiva, que acaba resultando em absurdos baseados em trivialidades da vida real que podem ser facilmente confundidas com superficialidades, vitimismos e até hipocrisias, o roteiro de Morte, Vida e Sorte acaba se tornando um exercício ousado de identificação e empatia, ainda mais quando nos demos conta de como, de fato, a classe artística sofre com a falta de valorização no Brasil. Óbvio que não é prudente compactuar com as ações do trio protagonista, mas o fato do texto do próprio realizador Alexandre Martins se esforçar para convencer o público emotiva e racionalmente com as situações apresentadas, mesmo que de maneira primeiramente rasa e visivelmente apressada, é um ponto a ser destacado, pois este é capaz de atribuir personalidade ao longa, assim como também faz as suas louváveis opções de técnicas utilizadas.
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![Crítica| Morte, Vida e Sorte 6 MVS ROUGHCUT v12 200522 01 33 06 23 Still031 1](https://i0.wp.com/cloud.estacaonerd.com/wp-content/uploads/2024/04/01180336/MVS_ROUGHCUT_v12-200522_01_33_06_23_Still031-1.jpg?resize=696%2C463&ssl=1)
A escolha da produção pela fotografia em preto e branco não só estimula um curioso ar mais artístico à obra, como também estabelece um genuíno casamento entre estética e história. A ausência de cores ilustra bem as dificuldades enfrentadas pelas protagonistas, assim como os jogos cênicos que envolvem iluminação e construção de cenários. Há enquadramentos fechados que valorizam a ideia íntima de Morte, Vida e Sorte, além de um sucinto trabalho de edição que permite que os cortes não interfiram na compreensão do que se passa em cena. Assertiva, a fotografia e a montagem, assim como a trilha sonora, agregam valores para o longa e conseguem superar a tímida habilidade de condução por parte do seu diretor, que, por outro lado, consegue atribuir bastante carisma às personagens principais.
Dotadas de distintas personalidades, Duda, Bebel e Tati, são interpretadas pelas promissoras atrizes Luiza Válio, Eva Bensiman e Maria Paula Lima, respectivamente, que conseguem superar uma certa timidez do roteiro e entregar atuações convincentes, ultrapassando clichês e situações que não foram escritas com esmero pelo roteiro. Das protagonistas, Eva Bensiman é quem mais entrega uma atuação catártica de sua personagem, o que surpreende.
![Crítica| Morte, Vida e Sorte 8 Screenshot 2024 01 28 at 16 59 46](https://i0.wp.com/cloud.estacaonerd.com/wp-content/uploads/2024/04/01180426/Screenshot-2024-01-28-at-16_59_46.png?resize=696%2C388&ssl=1)
![Crítica| Morte, Vida e Sorte 8 Screenshot 2024 01 28 at 16 59 46](https://i0.wp.com/cloud.estacaonerd.com/wp-content/uploads/2024/04/01180426/Screenshot-2024-01-28-at-16_59_46.png?resize=696%2C388&ssl=1)
![Crítica| Morte, Vida e Sorte 9 Screenshot 2024 01 28 at 16 59 46](https://i0.wp.com/cloud.estacaonerd.com/wp-content/uploads/2024/04/01180426/Screenshot-2024-01-28-at-16_59_46.png?resize=696%2C388&ssl=1)
![Crítica| Morte, Vida e Sorte 9 Screenshot 2024 01 28 at 16 59 46](https://i0.wp.com/cloud.estacaonerd.com/wp-content/uploads/2024/04/01180426/Screenshot-2024-01-28-at-16_59_46.png?resize=696%2C388&ssl=1)
Chama atenção a inclusão de uma linguagem metafórica assertiva e no terceiro ato do longa, o que subverte quaisquer superficialidade antes exposta pelo texto, além de dar Morte, Vida e Sorte uma conclusão bem elaborada. Referências ao cinema e às artes cênicas também são bem empregadas na narrativa, principalmente devido a sutileza.
Morte, Vida e Sorte é mais um grata surpresa que nos prova, mais uma vez, como a tendência do cinema nacional independente é decolar com suas boas histórias.
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FONTE: ARTIGOS24.COM.BR